segunda-feira, 11 de janeiro de 2010




Como Salvar uma Princesa


Milhões procuram entender a eternidade, mas não sabem o que fazer numa tarde de Domingo.
Na ilha de São Bartolomeu por volta do ano 1415, um velho marinheiro aposentado, não por tempo de serviço, mas por sua debilidade física. Vivia ele com sua filha, que criara sozinho, devido o falecimento da mãe.
O velho era o vigia e o zelador do farol. Durante 40 anos de sua efêmera vida dedicou-se a esse ofício. Aline com 16 anos, nunca tinha saído daquela pequena ilha no meio do oceano índico. Noites em claro! Nem sabia ela o que era ser amada por homem. O velho nunca deu detalhes de sua mãe. Sua menarca veio e ela quase morrer do medo de morrer. Não entendia o que era ser mulher. Da civilização nem sombra conhecia, até as personagens do mito da caverna de Platão sabia mais da sociedade externa àquele mundo de Aline, que era bicho bruto, não do mato, pois a ilha não dispunha de vegetação além do farol e do Forte de São Bartolomeu, erguido por mãos de escravos oriundos sabe lá de outro continente; ou náufragos escravizados por D. João VI.
A luz do farol servia de alerta aos rochedos da crosta da ilha, antes muitas caravelas foram desmanchadas em meio a nevoa que circundava a ilha. Aline assim com a mãe já não suportava mais aquele confinamento. E passava noites inteiras em claro a espera de um príncipe, pirata ou marujo que a levasse dali. Do alto do farol a observar o horizonte azul roxo das algas, Aline nem miragem via, esperança de vida além daquela ilha só nas poucas histórias de viagens que seu pai lhe relatava, de veneta e quase sempre misturado com álcool. Pobre Aline. Não de bens, mas de desejos e sonhos ainda não realizados, queria ser amada, vista e desejada, porem só o mar e a lua lhe fazia companhia.
Um dia acordou no meio da noite. Quase meia noite e meia, o semblante dela era de desespero. Queria morrer. A noite era de sombra, sem lua; sem brilho no mar e o farol parecia à luz do infinito. Você nem imagina o que pode passar na cabeça de uma donzela em meio a tanto isolamento. Cicuta no sangue em pequenas doses via oral. Mais um dia vem e a tarde cai, era domingo e o sono veio e disse que já era chegada a hora de partir.

“Você deve pensar mais na morte que na vida porque essa ultima é evitável” (SENECA)

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